Saindo da uti neonatal

Eu também não sabia o que era uma uti neonatal.
Eu não sabia o que era um bebezinho entubado, ou num cpap, ou no halo. Ou, o que era o cateter, o funilzinho.
Eu não sabia que um bebezinho precisaria aprender a mamar e a coordenar uma mamada.
Eu não imaginava que eu pudesse ficar hipnotizada com um oximetro e não sabia que teria tanta atenção e cuidado com um pic, e com outro e com outro.
Não sabia que era preciso esperar um dutinho do coração para o pulmão se fechar naturalmente e que se nao fechasse seria necessario uma cirurgia. Mas como fazer uma cirurgia num ser tao pequenino? Como confiar aquele ser tao precioso a uma mao tao forte e segura?
Eu nao sabia que acharia normal ver uma apneia acontecendo, e que uma bactéria pudesse ser devastadora.
Eu também tinha outros planos para a minha gravidez e outras preocupações para a chegada das minhas meninas. Bobagem.
Deus tinha planos diferentes, e se eu acreditava sair com as duas no meu colo, Ele queria que eu conhecesse outra realidade. 
Ele queria que mesmo passando por tanta adversidade eu ainda chegasse sorrindo nas incubadoras das minhas pequenas e que mesmo depois de perder a minha Luisa eu ainda sorrisse na incubadora para a Clara.
Ele queria que eu amadurecesse e experimentasse emoções que eu nem conhecia. Caminhar pelo corredor ate a sala 6 era assustador, conheci o medo, a aflição, a angustia. 
Mas, conheci também a fe e a compaixão.
Emtreguei a minha vida e a da Clara nas mãos de Deus, que usou como instrumento os melhores médicos .
Entreguei minha insegurança nas mãos dos médicos, das enfermeiras e de novas amigas - e eu que sempre fui tão fechada para novas amizades.
Eu tive um sonho e acordei.
Acordei com a Clara no colo sorrindo e me pedindo para ser forte.
Hoje estou aqui com ela e nosso amor é tão intenso que parecemos ser uma só.